A escola indígena reflete as modificações contraídas no contato com a sociedade capitalista, alternando-se em uma simbiose do moderno globalizado, com a visão romântica do indígena natural. A Educação Escolar Indígena procura enfatizar a importância da comunidade na construção de uma educação diferenciada que respeite as especificidades de cada etnia. Na prática busca a aplicabilidade dos saberes tradicionais dentro do espaço escolar.
Muitas são as demandas que implicam na construção de estratégias de atendimento mais eficientes e concretos, que surgem como desafios a serem superados. Tendo em vista estas demandas, é de fundamental importância o aparelhamento das escolas e das equipes que atendem as comunidades indígenas dentro dessa perspectiva globalizante.
A Educação Escolar Indígena continua seguindo em passos lentos apesar das grandes conquistas realizadas. Suas atividades seguem em acordo com a realidade estrutural das Secretarias Estaduais de Educação. Muitos são os contratempos para a aplicabilidade das políticas públicas. Funcionários com cargos de chefia e responsabilidade pela educação possuem interesses políticos diretamente ligados aos latifúndios, dificultando o atendimento e o processo de ensino e aprendizagem das escolas indígenas.
Sendo as escolas indígenas localizadas em regiões de difícil acesso a falta de transportes fluviais e terrestres prejudica o a chegada de matérias (merenda escolar, livros etc.), somam-se a estes contratempos a recusa em contratar e disponibilizar equipe de técnicos e professores indígenas e não-indígenas para as escolas.
Apesar de muitos professores indígenas que estão atuando em sala de aula serem indicados pela própria comunidade, a luta pela autodeterminação das escolas parece não ter fim. Os poucos professores não-indígenas disponibilizados para o atendimento às escolas não possuem conhecimentos específicos na área de antropologia e história das comunidades atendidas. A falta de estrutura nas aldeias como alojamentos para os professores e saneamento básico dificulta a permanência dos profissionais nas áreas indígenas, pois os poucos que estão trabalhando estão adaptados á vida urbana e produzem necessidades que não podem ser atendidas nas aldeias.
Em muitas comunidades existe a necessidade do Ensino Médio regular e técnico para atender as demandas profissionalizantes dos jovens e evitar que os alunos estudem na cidade e enfrentem as dificuldades de viver na longe dos costumes e expostos aos riscos da vida urbana. Para as comunidades, pensar o Ensino Médio como continuidade do Ensino Fundamental é preocupar-se com a manutenção do território como espaço para as crianças e a juventude e a valorização de sua identidade indígena.
Discutir o uso do território a produção e a sustentabilidade são criar possibilidades dos produtos da comunidade como uma alternativa para o sustento de muitas famílias. Nas escolas é possível trabalhar por meio de temas transversais a produção e a geração de renda com o objetivo de desenvolver um projeto interdisciplinar e intercultural para os alunos saberem distinguir quais os produtos tradicionais e suas funcionalidades cosmogônicas, e quais os produtos introduzidos após o contato com a sociedade não-indígena.
As escolas indígenas possuem a liberdade na construção dos seus currículos educacionais, e além das disciplinas que já estão na organização curricular, são criadas pelos professores indígenas junto a comunidade, disciplinas como literatura indígena e língua materna. O atendimento específico, diferenciado e de qualidade é direito dos povos indígenas e dever do Estado, mas ainda nas Secretarias de Educação são impostos currículos autoritários e assimilacionistas.
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