
O
paraíso inglês imaginado e exaltado pelos autores de canções líricas sobre o
progresso econômico e as grandes evoluções das técnicas esconde um
obscurantismo surpreendente, onde a pobreza e a miséria humana imperam nessa
nova era de prosperidade e degradação.
Essa
nova Inglaterra era dividida por dois mundos que cada vez mais se distanciavam
devido à chegada do sistema fabril, onde os ricos ficavam mais ricos e os
pobres destituídos dos meios de produção ficaram cada vez mais miseráveis, não
podendo lutar contra as máquinas e passando fome eram obrigados pela
necessidade a procurar emprego nas fábricas.
O
trabalho podia ter se tornado mais leve com a inclusão das máquinas, mas
tornou-se pior, essa nova tecnologia impulsionou o lucro exacerbado para seus
donos que obrigavam seus empregados a trabalhar cada vez mais para acompanhar o
ritmo das máquinas.
O
ritmo de trabalho, a figura do capataz, os acidentes, as condições insalubres e
fétidas nos galpões tornavam o trabalho nas fábricas um verdadeiro inferno. Os
capitalistas preocupavam-se mais com o bem estar das máquinas, pagavam os mais
baixos salários possíveis, contratavam mulheres e crianças, pois alem de
poderem cuidar das maquinas podiam pagar-lhes menores salários que o dos homens
fazendo com que muitos deles ficassem sem ocupação.
O
trabalho infantil revelava o horror e a podridão do industrialismo naquela
época, as crianças eram tratadas pior, até mesmo, que os animais, trabalhavam
ininterruptamente e recebiam uma miséria que mal dava para subsistir, segundo o
autor causando espanto até mesmo em senhores de escravos.
Essa
nova tecnologia impulsionou o crescimento das cidades e dos subúrbios onde
viviam os operários. Tais subúrbios não possuíam pavimentação os esgotos eram a
céu aberto as doenças e as mortes se proliferavam por toda a parte, as moradias
não possuíam ventilação e as pessoas, como animais, amontoavam-se pelos cantos.
A classe dos industriais pouco se importava com as condições em que viviam os
seus subordinados, se utilizavam de filosofias retrogradas para explicar seu
comodismo diante de tais situações.
Os
ricos da Inglaterra abominavam a ideia francesa de 1789, temiam que tais ideologias horríveis pudessem atravessar o canal e chegar aos pobres ingleses. Tal qual
animais encurralados pelo desespero, a classe trabalhadora resolveu lutar por
melhorias em suas condições subumanas, e a eles uniram-se as classes médias e ricos temerosos que levaram as lutas para o parlamento, mas como era de se esperar, as velhas e retrógradas filosofias ganhavam as disputas.
Tais animais desesperados, os trabalhadores soltaram
todo seu ódio reprimido, atacando as máquinas, que para eles era a causa de suas
desgraças, ignoravam o sistema econômico que se firmava, o capitalismo, não percebiam o alto custo do valor de troca da força de trabalho.
mais tarde, os operários verificaram que a destruição das máquinas não era a solução e que
a máquina em si não era a causa de seus males, mais sim os burgueses, infames proprietários das máquinas e fábricas, esses os estavam
afastando dos meios de produção. Petições eram encaminhadas infinitamente ao
parlamento, leis foram aprovadas devido a essas petições, mas tais leis não
eram cumpridas, pois os magistrados que ouviam suas reclamações eram burgueses, seus próprios patrões contra quem reclamavam.
Os
trabalhadores então perceberam que tinham de conquistar o direito de opinar na
escolha dos legisladores, pois onde a lei fosse feita pelos trabalhadores seria
feita para eles dando inicio assim as lutas pelo direito de voto. Aos poucos os
movimentos de destruição das máquinas, conhecidos como ludismo, foram
desaparecendo e gradualmente as reivindicações feitas pelo operariado foram conquistadas.
Ao
perceberem que divididos eram fracos e unidos eram fortes organizaram-se para
lutar pela defesa de seus próprios interesses, levou muito tempo para que o
sentimento de unidade do interesse de classe surgisse. Tais sentimentos
começaram a aparecer corporificados nos sindicatos.
A
revolução industrial espalhou-se por todo o mundo e trouxe para as cidades a
concentração de trabalhadores, a melhoria dos transportes e comunicações, e as
condições que fizeram tão necessário o movimento trabalhista.
A organização de
classes cresceu com o capitalismo, que produziu a classe trabalhadora e o sentimento da
mesma. O meio físico de cooperação e comunicação ocasionaram resultados que podem
ser vistos hoje em dia. Mas importante não esquecermos as atrocidades
praticadas contra os semelhantes decorrentes dos sistemas de valores do capitalismo.
Referência:
Karl Marx e Friedrich Engels. O Manifesto Comunista. São Paulo: Expressão Popular, 2010.
Leo Ruberman. A História da riqueza do homem. Capitulo XVI, “A Semente Que Semeais, outro
colhe...” Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.
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