O Projeto Político Pedagógico e o Plano de Ensino



O Caso Brasileiro

Com o avanço do movimento democrático na década de 1980, nasce o termo projeto político-pedagógico (PPP). Na década de 1990, o PPP é sedimentado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 (LDB). A LDB levanta a questão do PPP reconhecendo na escola a capacidade de planejar e organizar as suas ações em um ambiente de gestão participativa envolvendo toda a comunidade escolar (docentes, alunos, funcionários e comunidade).
Entretanto, mesmo com leis que apoiam tais propostas para a educação, não são suficientes para alcançar a verdadeira autonomia da escola pois o PPP é consequência de um processo determinado coletivo e democrático. No caso brasileiro a escola ainda está impregnada pela influência da herança ideológica dos militares e do capital internacional.
Nesse contexto Althusser (2001) acredita ser a escola o principal aparelho ideológico do Estado, tendo como finalidade transmitir o modelo de comportamento adequado aos chefes de Estado e as ideologias das classes dominantes.
PPP é instrumento que identifica a escola como instituição voltada para a educação com objetivo específico para esse fim. É chamado  político porque reflete a opção e escolha de caminhos e prioridades na formação do cidadão como membro ativo e transformador da sociedade. Pedagógico porque expressa as atividades pedagógicas e didáticas que levam a escola a alcançar os seus objetivos educacionais.
O político e pedagógico são dimensões indissociáveis porque propiciam a vivência democrática necessária a participação de todos os membros da comunidade escolar. A importância do PPP está no fato de que ele passa a ser uma direção, um rumo para as ações da escola, e na sua construção é fundamental levar em consideração a realidade que circunda a comunidade escolar nos contextos políticos, sociais e econômicos.
Para Gramsci (1989), a escola situa-se como instrumento técnico de difusão de ideologias, e é nesses termos que se estabelece como instituição da sociedade civil, sendo pela sua natureza instrumento de difusão de ideologias.
Nessa perspectiva, os administradores do conhecimento tem no planejamento de ensino a forma predominante de organização didática do processo de ensino-aprendizagem. O planejamento é uma mediação teórica e metodológica para proceder com as ações educacionais.
É na escola que a formação sociocultural do indivíduo se intensifica. O planejamento possibilita a organização dos conteúdos a serem desenvolvidos na escola.
Padilha (2001) acredita que para planejar adequadamente a tarefa de ensino e atender as necessidades dos alunos, é preciso antes de qualquer coisa saber para quem se vai planejar, quais aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos.
Assim, o PPP e o planejamento de ensino tem o compromisso com a formação do cidadão participativo, crítico, criativo e responsável pela transformação da sociedade.

Referências
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado. São Paulo: Graal Editora, 2001.
GRAMSCI, Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989.
PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez, 2001.

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